terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Feliz 2009


Agora, que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.

Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.

A realidade, Maria, é louca.

Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade Dinah, já comeste um morcego?"

Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa indagação perplexa é lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.

A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas conseguem abrir uma porta bem fechada ou vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.

Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.

Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.

A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon". Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gato se fosses eu?"

Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre onde quiseres, ganhaste.

Disse o ratinho: "A minha história é longa e triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance só é o jeito de contar uma vida, foge, polida, mas energeticamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.

Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.

E escuta a parábola perfeita: Alice tinha diminuido tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor.

Toda a pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.

Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá.A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas".

Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.


UM FELIZ 200INOVE AOS LEITORES !!!!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Fidelidade


(...) Os que amam só uma vez na vida é que são superficiais. O que eles chamam lealdade, fidelidade, é a meu ver letargia do hábito ou falta de imaginação. A fidelidade é para a vida emotiva o que a coerência é para a vida intelectual: simplesmente uma confissão de insucessos. Fidelidade! Ainda hei de analisá-la um dia. Entra nela o amor da propriedade. Há muitas coisas que jogaríamos fora, se não temêssemos que outrem as pudesse aproveitar (...)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Desapaixonar





Revolta ou empolgação. Beira de precipício ou impulso para um vôo não planejado com ares bem sucedidos. Suor em excesso. Calores estranhos. Furacão na barriga. Sorriso débil. Palavras atropeladas, deliberadas. Sensações confusas, ambíguas, frenéticas, estranhas. Para alguns, o desafio em boa hora. Para outros, o medo, o velho e atroz medo. Deve estar pensando que estou falando de quando nos apaixonamos, não? Ledo engano. O assunto em voga aqui é desapaixonar. Coisa que também causa comoções controversas, boas e más, em quem acolhe o desprender de um sentimento.
Desapaixonar é uma sensação livre, mas nem por isso indolor. É página virada, novidade, desafio. Desapaixonar, muitas vezes, nos pega de assalto, nos deixa sem tato para a nova realidade, mas nem por isso é um momento menos gostoso, ou árido. E, porque não, desapaixonar é uma partícula da felicidade. Afinal, até pra ser feliz a gente tem que sentir dor e penar horrores a nosso favor.
Desapaixonar é assumir o controle das vontades. É olhar pra dentro de si. É tudo novo em folha. É libertador.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Des..."cobertas"!


Descobertas são feitas todos os dias... Às vezes nós as apreciamos, outras as detestamos... Outras ainda, passam desapercebidas...


Que tipo de descoberta agrega algo em nossa vida?
Descobertas de decepções, arrependimentos, angústias, conquistas, impulsos, estímulo, traições?



A cada batimento uma descoberta, a cada descoberta um desafio de superação e renascimento.


Quando o inverno bate à porta, nos "cobrimos" para não sentirmos o impacto da atmosfera gelada...
Assim acontece, quando temos medo do que está ao redor, nos cobrimos para não nos ferir, não testar a capacidade de auto-motivação e julgamento exterior.



Criamos uma espécie de armadura para auto-proteção.
Mas, somente sentindo o frio do inverno é que nos deliciaremos com o calor do verão.
O ouro passa pelo fogo ao ser testado... Uma temperatura também desagradável ao corpo humano.



Inverno... Fogo... É um paradoxo.


Mas, será que não é o momento de você se descobrir e, de se descobrirem em você?



Descobrir (Definição)

do Lat. descooperirev. tr.,
tirar a cobertura a;
destapar;
pôr à vista;
ver;
divisar;
revelar, denunciar;
achar, encontrar (coisa desconhecida);
notar;
apontar;
reconhecer;
inventar;v. int.,
clarear;
desanuviar-se a atmosfera;v. refl.,
tirar o chapéu da cabeça


domingo, 23 de novembro de 2008

Copo de Angústia

E era assim: uma festa exclusiva, que começou bem legal. Serviam-se todos os tipos de bebidas e a mesa estava sempre farta. A iluminação era ótima, ideal para todas as ocasiões, assim como as músicas que tocavam incessantemente e faziam um total sentido para a vida da pessoa que participava desta festa.

Lá estava eu.

Não entrava qualquer um. Era preciso um esforço para participar dela. Posso dizer que por méritos meus que estava lá! De lá não queria sair, e sabia que minha permanência não dependia só de mim. Havia uma pessoa conhecida em quem confio muito que determinava a minha permanência, ou não, nessa festa onde o convidado era tratado como uma pessoa especial e por isso merecia estar lá.

Pois bem, ao longo desta festa fui me comportando de maneira agradável (pelo menos foi assim minha auto-avaliação). Havia uma urna com alguns papéis do lado de fora e uma caneta para que eu escrevesse o que estava achando dela. Isso não era obrigatório, mas até então, a festa estava perfeita e tudo o que eu queria fazer eram elogios. Ao longo da festa fui anotando elogios e achei que fosse hora de depositá-los. Enquanto caminhava em direção à urna, percebi que já não haviam mais tantas bebidas variadas para se tomar e, como um passe de mágica, elas desapareceram do bar. A mesa, que sempre esteve farta, estava completamente vazia, mas não haviam vestígios que um alguém pudesse ter comido sem eu ter percebido. Não haviam migalhas sobre a mesa e nem no chão. Também notei a ausência da urna. Comecei a procurar a urna por todos os cantos.


Os meus passos, sem que me desse conta, estavam cada vez mais rápidos e as músicas que estavam tocando foram substituídas por outras. Músicas que não faziam nenhum sentido à festa e muito menos à minha vida. O medo de sair da festa já me controlava, mas mesmo com essas mudanças loucas em um piscar de olhos, sabia que algo de bom estava sendo preparado.


Eu tenho essa esperança!


De repente, a luz se apagou e tudo ficou em silêncio. Procurei por uma saída mas estava tudo muito escuro. Perguntei a pessoa que conhecia e que confio muito, o por que disso tudo. Ela simplesmente me respondeu que resolveu suspender a festa por um tempo indeterminado e me pediu para ficar em silêncio para ela determinar a continuação ou não da festa...


Eu sei que não sou obrigado a permanecer na festa.


Posso quebrar o silêncio pedindo o final dela... Mas eu não quero isso. Quero a alegria de volta!


Enquanto isso, eu permaneço no escuro e em silêncio esperando que a festa continue ou que a pessoa que eu confio muito, peça minha saída...


Escrito por Jônathas Gondim Rios em Sexta-feira, 05 Setembro 2008
E então...

Perfil


Caminha placidamente entre o ruído e a pressa. Lembra-te de que a paz pode residir no silêncio.

Sem renunciares a ti mesmo, esforça-te por seres amigo de todos.


Diz a tua verdade quietamente, claramente.


Escuta os outros, ainda que sejam torpes e ignorantes; cada um deles tem também uma vida que contar.


Evita os ruidosos e os agressivos, porque eles denigrem o espírito.


Se te comparares com os outros, podes converter-te num homem vão e amargurado: sempre haverá perto de ti alguém melhor ou pior do que tu.


Alegra-te tanto com as tuas realizações como com os teus projectos.


Ama o teu trabalho, mesmo que ele seja humilde; pois é o tesouro da tua vida.


Sê prudente nos teus negócios, porque no mundo abundam pessoas sem escrúpulos.


Mas que esta convicção não te impeça de reconhecer a virtude; há muitas pessoas que lutam por ideais formosos e, em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo.


Sê tu mesmo. Sobretudo, não pretendas dissimular as tuas inclinações. Não sejas cínico no amor, porque quando aparecem a aridez e o desencanto no rosto, isso converte-se em algo tão perene como a erva.


Aceita com serenidade o cortejo dos anos, e renuncia sem reservas aos dons da juventude.


Fortalece o teu espírito, para que não te destruam desgraças inesperadas.


Mas não inventes falsos infortúnios.


Muitas vezes o medo é resultado da fadiga e da solidão.


Sem esqueceres uma justa disciplina, sê benigno para ti mesmo. Não és mais do que uma criatura no universo, mas não és menos que as árvores ou as estrelas: tens direito a estar aqui.


Vive em paz com Deus, seja como for que O imagines; entre os teus trabalhos e aspirações, mantém-te em paz com a tua alma, apesar da ruidosa confusão da vida.


Apesar das suas falsidades, das suas lutas penosas e dos sonhos arruinados, a Terra continua a ser bela.


Sê cuidadoso.


Luta por seres feliz.


(Inscrição datada do ano de 1692. Foi encontrada numa sepultura, na velha igreja de S. Paulo de Baltimore - hoje já não se pensa que seja esta a origem, mas assim é mais bonito...)

sábado, 22 de novembro de 2008

Autonomia

O surgimento da individualidade implica não somente em deixar a infância para trás, mas também enfrentar e combater as forças do mundo e de nós mesmos que são regressivas, destrutivas, estagnantes e avessas a lidar com os limites da vida terrena.

Essa batalha pela autonomia é um rito de passagem que todo jovem enfrenta - e pode ter que ser travada muitas vezes, em muitos níveis diferentes, da adolescência á casa dos 30 ano, até nos sentirmos confiantes, reais e com mérito suficiente para expressar o que somos da maneira mais positiva e criativa. Não há como trapacear nesse rito de passagem.

Ele pode ser sutil, assumindo formas que não reconhecemos imediatamente como um campo de batalha; mas, se tentarmos nos esquivar do desafio da autonomia, permaneceremos eternamente imaturos e vulneráveis, com nossas frágeis defesas sujeitas a serem destroçadas pela menor decepção na vida.




Frase do post: Quando não se vê uma solução aparente, pensamos somente em encontrar uma luz no fim do túnel e não observamos que esta luz que buscamos, talvez esteja percorrendo o mesmo caminho que nós.




domingo, 16 de novembro de 2008

Buscar a perfeição

"É melhor o imperfeito feito que o perfeito não feito."
- Aldo Novak -

Quantas vezes não fazemos o que podemos fazer somente porque "não ficará perfeito?". Milhões de pessoas poderiam criar mudanças positivas em suas vidas, e nas vidas dos que estão ao seu lado, simplesmente aceitando o fato de que a perfeição é um conceito ótimo para ser perseguido, desde que você entenda de que ele é absolutamente inatingível.
.
.
.
Faça. Faça agora.
.
.
.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pensando com os botões.




Aquela velha expressão, quando uma pessoa te pergunta, o que esta fazendo? Estou Pensando com os meus Botões, é mais do que verdadeira.

Já imaginou se seus botões falassem??? Minha Nossa!!! Os meus escreveriam inúmeros livros e seriam imortais na ABL. E também seria condenada por vários crimes profanos. Meus botões, ai meus botões, o quanto eu os sacrifico com meus pensamentos levianos e banais, alias acho que não só eu, a maior parte das pessoas, enfim quem não pensa com seus botões todos os dias, no trajeto silencioso de algum lugar, num comentário maldoso por ter visto aquela mulher do trabalho que não tem a mínima noção de moda, ou se passa um gato ao seu lado e você pensa com seus botões, ai se eu tivesse um desse. Seus botões são mais do que seus amigos, seus botões são cúmplices. Tenho andado pensado muito com eles, nem queiram saber. Ontem centro de São Paulo, 15h de uma tarde quarta – feira, calor, sol, muita gente, ia encontrar com um amigo no shopping, antes para matar a sede ou talvez a ansiedade, entrei num estabelecimento e a moça do balcão muito educada me pergunta:

- O que vai querer moça

- Um suco de açaí, por favor.

- Hum, não tem açaí moça, mas tem Del Valle

Juro que por um momento único e com meus botões, tentei perceber qual seria a associação que aquela mulher fez entre o açaí e uma marca de suco, mas tudo bem, meus botões pareciam murmurar em meus ouvidos, Não seja implicante Ana, não mencionei o fato de os botões também se manifestarem, pois é meus caros, aquela voz interior que muitas vezes você finge que não escuta, pode ser um botão intrometido. Depois disso comecei a desafiar as leis da física principalmente aquela que diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar e também a lei da gravidade, bolsa pesada, livros em um braço, fone de ouvidos, o troco do meu pedido que não foi nem um açaí tão pouco um Del Valle, com o copo de Mate nas mãos tentando me equilibrar, eis que começa a tocar : Toca’s Miracle, sim era meu celular, alias um toque bem a calhar, simplesmente o copo de Mate pulou de minhas mãos, por um momento parecia ter visto aquele salto em jogos coletivos nas olimpíadas, entre aquele curto e milimétrico espaço entre minha mão e o chão, eu o vi se ajeitando para que pudesse respingar em mim o Maximo possível. Com um suspiro inquietante, pensei: a confiança me deve um Mate, não que ela só me devesse isso, pelo contrario é uma caloteira de marca maior. Peguei meus botões eu fui até o shopping encontrar meu amigo, cheguei com aquela chama da esperança acessa, esperando que ele fosse me convidar para uma super festa, uma baladação, ou qualquer coisa agradável, ele queria apenas falar de trabalho, penso que quando não estamos trabalhando, falamos sobre trabalho a maior parte do tempo, que tédio.

Peguei meus botões e fui fazer compras, pelo menos eles escutam todos os meus anseios sem reclamar. O que seria de mim sem meus botões???



quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Caixa de Memórias.




Esses dias - olhei debaixo de minha cama e vi uma caixa de madeira azul, estava empoeirada, cuidadosamente a puxei, passei as mãos por ela tirando aquela teia de pó que até me rendeu alguns espirros. Estava ela trancada com um pequeno cadeado, lembrei que ali guardava toda uma parte de minha infância e juventude em memórias, e eu mal sabia onde estava à chave para libertar tudo aquilo. Depois de algumas horas procurando, finalmente eu encontrei, antes de virar a chave para destrancar a caixa, um misto de sentimentos me tomaram e eu com um suspiro mais forte do que eles - abri a caixa.

Deveras que estava uma bagunça, um monte de papeis, fotos, cartões, bilhetes e até documentos velhos, como a primeira carteirinha do colégio, neste instante você se deve perguntar qual a finalidade de guardar todo esse monte de coisa velha. Eis que penso que nossa memória guarda muitas outras coisas que são consideradas desnecessárias, então por que não guardar papeis, fotos e bilhetes velhos, afinal como diz o clichê Recordar é viver e não sou eu que penso assim, Super Interessante ( vale a pena conferir a matéria).

Minuciosamente peguei cada papel e bilhete, abri um a um, atenciosamente os li, fiquei diante de fatos percebidos eu diria, pedidos de desculpas, desafetos, grandes amigos que não são mais hoje, affair mal resolvidos e quantas daquelas que escrevi, mas não mandei.

O que me fez perceber que eu sempre estive além dos fatos, minhas escritas pareciam adivinhar o que iria acontecer, mas como nunca fui uma pessoa de agir precipitadamente, deixei os fatos decorrerem em tempo natural. È curioso e ao menos tempo engraçado quando você lê coisas que escreveu há muito tempo atrás, tempos diferente, pensamentos diferentes ou até mesmo aquela velha falta de maturidade. Uma enxurrada de acontecimentos passa diante dos seus olhos, peças se encaixam, fantasmas reaparecem, a vida, destino, a crença em sua intuição que sempre grita alto em seu ouvidos e você parece escutar somente a voz sussurrante que diz para fazer ao contrario, seja lá o que for, sempre nos tornamos marionetes das circunstâncias. Fato é que sabemos e compactuamos com isso.

A pergunta ao ler tantas coisas é apenas uma “Onde foi que eu errei?” E o pior de tudo é que sabemos exatamente a resposta. Quer saber, eu em meios a papeis, fotos, fatos, bilhetes e cartões, faria tudo novamente, deixaria que a intuição não me conduzisse, choraria, exatamente igual ao que eu fiz, isso é a nossa essência, faz parte de nós. Portanto ao chegar em casa, pegue aquele baú, aquela caixa, os bilhetes, as fotos e recorde, liberte-se das amarras dessa sociedade cruel que te julga, não tenha vergonha do que já fez, do que chorou, do que do gozou. Senão você será apenas mais um vagante pelo mundo afora, sem nenhuma boa historia, um bom amor platônico, uma boa memória para compartilhar, a solidão não consiste em apenas ser rodeado de pessoas, familiares e amores. A solidão consiste também em falta de essência.


Deixo um trecho de um poema de Drummond que achei em minhas memórias:


“Tenho saudade de mim mesmo,

saudade sob aparência de remorso,

de tanto que não fui, a sós, a esmo,

e de minha alta ausência em meu redor.

Tenho horror, tenho pena de mim mesmo

E tenho muitos outros sentimentos

Violentos. Mas se esquivam no inventário,

E meu amor é triste como é vário,

E sendo vário é um só.”

Da vocação.


Na vocação para a vida está incluído o amor, inútil disfarçar, amamos a vida. E lutamos por ela dentro e fora de nós mesmos. Principalmente fora, que é preciso um peito de ferro para enfrentar esta luta na qual entra não só o fervor, mas uma certa dose de cólera, fervor e cólera. Não cortaremos os pulsos, ao contrário, costuraremos com linha dupla todas as feridas abertas. E tem muita ferida porque as pessoas estão bravas demais, até as mulheres, umas santas, lembra?

Costurar as feridas e amar os inimigos que odiar faz mal ao fígado, isso sem falar no perigo da úlcera, lumbago, pé-frio. Amar no geral e no particular e quem sabe nos lances desse xadrez-chinês imprevisível. Ousar o risco. Sem chorar, aprendi bem cedo os versos exemplares, Não chores que a vida / é luta renhida. Lutar com aquela expressão de criança que vai caçar borboleta, ah, como brilham os olhos de curiosidade. Sei que as borboletas andam raras, mas se sairmos de casa certos de que vamos encontrar alguma... O importante é a intensidade do empenho nessa busca e em outras. Falhando, não culpar Deus, oh! por que Ele me abandonou? Nós é que O abandonamos quando ficamos mornos. Quando a vocação para a vida começa a empalidecer e também nós, os delicados, os esvaídos. Aceitar o desafio da arte. Da loucura. Romper com a falsa harmonia, com o falso equilíbrio e assim, depois da morte - ainda intensos - seremos um fantasminha claro de amor.

( Lygia Fagundes Telles)

Indisposição SIM!!!




Hoje quero fazer de um simples post, um desabafo, um apelo, uma chamada, qualquer coisa, antes de tudo sou a Favor do Dia da Indisposição.

Quando você percebe que seu crachá da empresa, faz parte do seu vestuário, ao sair do banho a primeira coisa que você coloca no corpo é o crachá antes de qualquer outra peça de roupa, atente-se você apresenta sinais de alto grau de loucura. Por isso volto a levantar a bandeira da Indisposição, sim, isso mesmo. O dia da Indisposição, nesse dia você poderá gritar, ficar de mau humor, colocar todos os seus desafetos para fora, pode desligar o celular, dar uma marretada no seu computador e mandar qualquer pessoa por mais banal que seja o motivo, para a casa do chapéu. Exatamente, fazer tudo isso e muito mais e ninguém poderá sequer te julgar, virar a cara para você, fazer uma tempestade num copo d’água ou dizer um monte de desaforos. Ufa!!! Enfim você pode acordar um dia indisposto, sabe daqueles dias que você não quer ver ninguém, não quer falar, sair, fazer absolutamente nada e ainda mais escutar das pessoas que eu diria que são bem individualistas:


- Esta tudo bem?

-Aconteceu algo?

- Tem certeza?

- Você não é assim.

- Como você é grossa


O mais engraçado é o fato de nós mulheres e a indisposição, todo mundo atrela isso a uma simples disfunção hormonal, mais conhecida como TPM, só que se esquecem que TPM é apenas um período (se é que podemos chamar assim) e não 365 dias, no entanto as pessoas parecem não compreender muito isso. Preferem de uma certa forma demonstrarem que estão ali para ajudar, para que você, despeje todos os seus anseios, quando na verdade o que você mais precisa é apenas de um abraço silencioso.


Agradecimentos pelo pessoal do Divã Rosa Choque que comentou aqui.


Frase do post:
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão.
Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra,
é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Mas embriaguem-se.

sábado, 18 de outubro de 2008

Game Over?


Infelizmente, muitas pessoas se preocupam mais em se proteger do sofrimento do que em ser felizes.


Os donos do futuro - as pessoas que valem a pena - são aquelas que olham para a frente.


Sabem que o pior da vida não é ser infeliz, porque ainda é possível lutar, ter um sonho e um dia realizá-lo.


O pior da vida é ser acomodado.
É nunca ter perdido uma batalha impossível.
É nunca ter arriscado, nem ousado.
Quem vive com medo de se arriscar, perde o sabor da vida.
Se você perder a partida, paciência, faz parte da vida.
Mas perca lutando... Pelo menos dê trabalho a seu adversário. Venda caro uma derrota.

Mas... Nunca perca uma partida sem ter jogado...!

domingo, 12 de outubro de 2008

Paciência

Conto que, quando criança, reparei num casulo preso a uma árvore, onde uma borboleta preparava-se para sair. Esperei algum tempo, mas - como estava demorando muito resolvi acelerar o processo. Comecei a esquentar o casulo com meu hálito; A borboleta terminou saindo, mas suas asas ainda estavam presas, e terminou por morrer pouco tempo depois.

Era necessária uma paciente maturação feito pelo sol, e eu não soube esperar,

"Aquele pequeno cadáver é, até hoje, um dos maiores pesos que tenho na consciência. Mas foi ele que me fez entender o que é um verdadeiro pecado mortal. Forçar as grandes leis do universo. É preciso paciência, aguardar a hora certa, e seguir com confiança o ritmo que o tempo escolheu para nossa vida.

E você tem paciência?

Frase do post: Acredito também que é prudente quem age de acordo com as circunstâncias e da mesma forma é infeliz quem age opondo-se ao que seu tempo exige."

Fragmento

Sentimentos são dispostos e confundidos com facilidade.

Nessa madrugada de domingo não consigo rasgar a cortina e deixar a paz entrar... Está uma escuridão. “Noites mal dormidas com lágrimas sentidas.” [Trecho de uma música que aprecio.]

É interessante quando direciono meu pensamento para, por exemplo, uma ligação urgente que tenho que fazer e, depois, o mesmo pensamento confunde-se naquela ligação que não recebi, naquele sentimento que não valorizei e na interrogação que presenteou a minha alma com um "e se".

Muitas negativas.

Quantas vezes quis tão longe buscar o que nunca percebi.

Tenho calma, não será preciso fazer um balanço de minhas experiências e expectativas no divã de um analista.

Mas, de certa forma, será que consigo libertar-me de minhas neuroses?

Esses passos lentos que sincronizam com o meu coração.

sábado, 11 de outubro de 2008

Influência ou Sombra?


Do significado da palavra influência que designa: aquele que tem poder; autoridade; preponderância; incutir; deixar se sugestionar. Quantas vezes não escutamos, até mesmo quase que diariamente que as pessoas são influenciadas, quem nunca escutou aquela sua tia Cotinha que dá as caras todo aniversário, batismo, casamento e velório, sempre lhe faz a mesma pergunta:

- Minha filha, vai casar quando??
- Casar tia? Nem tenho idade para isso
- Minha nossa!!!!


retruca ela com aquela sabedoria que só as pessoas do século passado tem incutido em sua formação.

(Não que eu seja desse século, mas procuro e me preocupo sempre evoluir através das gerações).

- Menina tem que casar, Dora veja sua filha tem andado com más influências.

Tudo parece girar em torno dela, e quer saber gira, influência é presente em tudo, por exemplo até na nossa rica língua portuguesa, foi drasticamente influenciada por uma sério de outras línguas que também por um momento foram influenciadas. Evidente que o mundo, as pessoas, as situações conspiram e nos influencia inevitavelmente, observando aos poucos a nossa sociedade,o meio em que vivemos, enfim,veja as coisas que já estão estabelecidas, e choque-se com o poder da influência em nossas vidas. E depois também, maravilhe-se com todas as conquistas humanas, em todos os campos do saber e da ação.
O essencial é você saber o valor que tem seus próprios pensamentos.

Sim, Eu, Você e todas as torcidas de todos os times do mundo, já fomos influenciados, também negativamente eu diria. Quando o glorioso Wilde fez a seguinte citação:
(...)
Porque exercer a nossa influência sobre alguém é darmos a
própria alma. Esse alguém deixa de pensar com os pensamentos
que Lhe são inerentes, ou de se inflamar com as suas próprias
paixões. As suas virtudes não lhe são reais. Os seus pecados -
se é que os pecados existem - são emprestados (...)


Ele certamente sabia que o livro e a idéia que ele vendia, iria influenciar alguém. Não há como escapar a influência boa e ruim é como nossa sombra, não nos livramos dela, porém temos que usa-la ao nosso favor. Vai me dizer que você nunca se amedrontou com sua sombra, por uma única vez ao levantar-se de madrugada para ir ao banheiro, percebeu movimentos estranhos e com o coração quase na boca, deu por si que era apenas sua sombra. E quem nunca num feixe de luz, brincou de fazer bichinhos com as mãos refletindo animadas sombras. A má e boa influência consiste naquilo que você dosa para si. Negativamente todos nós já fomos influenciados alguma vez. Influência seria como sangue sugas, traz benefícios, utilizados até como artifício na medica arcaica, o sangue suga estimula a circulação sanguínea. A influência é aquela criatura que se alimenta da vida, de nosso rubro. Não creio em pessoas que dizem que são incapazes de se livrar dela.
Discernimento todo mundo tem sabendo ou não usa-lo. Por isso somos capazes e muito capazes de retirar aquela pequena criatura de nossa pele. Fico imaginando como pessoas influenciadas pelo capricho de outras, são amargas, não sabe, qual o gosto de um saboroso fruto, qual o cheiro de um aroma agradável ou uma sensação de gozo. São pessoas de fato vazias, já pensou por um momento que pessoas assim não sofrem de insônia, claro, ao deitar, não há no que pensar por isso juram repousar sobre o sono dos justos. Ao dormir também não sonham, por que sonhar é para quem tem os pés no chão.

Fui influenciada a parar de escrever, mas não se sintam influenciados a comentar.

Frase do Post: "Não procure entender, viver ultrapassa todo entendimento.”

Nem que fale, nem que se cale.

Uma vitrine pode mudar a vida de uma pessoa?

Foi o que aconteceu com Fabinho, em seus 7 anos de permanência nesse mundo. O garotinho deparou-se diante de um enorme mostruário da loja de brinquedos na avenida principal, e foi então que subitamente se apaixonou e tornou um só seu objeto de desejo: uma moto de controle remoto vermelha.


Enquanto as outras crianças compraziam-se em brincar com o futebol, a queimada, o pega-pega, depois da moto vermelha que o fez abrir os olhos para o mundo, ele já não mais conseguia transferir sua atenção a outra coisa, deu-lhe um tédio enorme daquelas brincadeiras habituais.


Por um momento seus sonhos para o futuro tinham-se transformado, ele já não almejava ser mais bombeiro, médico, engenheiro, e sim, motoboy.


Quando completou 19 anos, correu a auto-escola para licenciar-se e, tornar realidade um sonho de tanto tempo, trabalhar por conta própria utilizando sua paixão como ferramenta, o que poderia ser mais conveniente?

Determinado, foi em busca de seu primeiro trabalho contratado por um senhor idoso: entregar um pacote de cor violeta em um endereço comum da cidade. Sentindo-se independente e capaz de qualquer desafio, Fabinho pegou sua moto, que havia comprado há apenas uma semana, a moto vermelha, semelhante aquela da loja de brinquedos e, foi traçar seu destino.
Chegando nesse endereço, tudo parecia muito estranho, entrou em um prédio decadente, confirmou o número do edifício com o porteiro, que afirmou positivamente que ele estava no lugar correto.

Tudo estava caminhando bem de certa forma, se não fosse por um noticiário na televisão da recepção do local, informando que um serial killer havia fugido da penitenciária em um prazo de cinqüenta minutos atrás e, para dar continuidade à sua fuga roubou um veículo motorizado de duas rodas e, procurava vingança ao advogado que lhe colocou na prisão, carregava consigo um pacote embrulhado e, dentro dele uma bomba de máxima potência.
No mesmo instante o retrato falado foi divulgado para que os cidadãos tomassem cuidado e denunciassem ao ver o assassino e, o que Fabinho desconhecia é que sua face era o próprio espelho do assassino.

Sem pensar duas vezes, o porteiro sacou do telefone, de olho atento ao pacote que Fabinho estava em mãos e ligou para polícia num ato de loucura e, nosso garotinho presenciando e vivenciando aquela cena sentiu-se forçado a correr desesperadamente pelo prédio tentando se esconder de uma pessoa que ele não era, ou até mesmo tentando se esconder da idéia de ele ser a pessoa que ele não era.

Segurou com violência seu pacote violeta e, foi descompassado a cumprir sua meta, localizou o apartamento do destinatário de seu embrulho e, tornou o lugar seu esconderijo provisório.

E você? Qual seu esconderijo provisório?
Não seria melhor assumir sua real identidade?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Parto!

A Gestação não foi tão duradoura quanto 9 meses, contudo alimentamos essa idéia através de um cordão umbilical bem intenso: a amizade.

Indisposição e Apreço não será somente uma vitrine onde venderemos nossas idéias e, sim, a determinação de duas garotas em despertar e estimular os anseios, as dúvidas, as mentiras, insucessos e vaidades.

Parafraseando minha grande amiga Ana Paula, aqui "Não seremos conduzidas, conduziremos."

E que a parafernália circense tenha início!

Nasceu!!!

Indisposição,s.f Pequena alteração na saúde; desarranjo; incômodo.

Apreço,s.m Valor em que alguma coisa é tida; consideração; estima; admiração.

Enfim nasceu o Indisposição e Apreço, depois de praticamente plagiar o titulo de minha querida amiga Fernanda que em breve estará postando comigo, acordei hoje com aquela vontade de criar o blog e expor minhas opiniões um tanto quanto diferentes e sarcásticas.

Nesse blog contaremos fragmentos de uma vida cotidiana, aventuras, medos, angustias, alegrias e as mais simples banalidades que estamos sujeitos quando o nosso despertador toca. Falaremos de estima, ego, sentimentalismo, ilusões, realidades, paradoxos, assuntos de opinião publica e privada, claro tudo com uma pitada de maldade, afinal quem não tem pensamentos malignos que atire a primeira pedra.

Bem vindos!!!


Frase do post: "Gosto mais das pessoas do que dos princípios e, mais que tudo no mundo, gosto de pessoas sem princípios."